“Meu nome é favela”. Foi o que responderam ao IBGE 8% dos brasileiros no último Censo. Desde 1970, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas dá voltas para tentar arrumar um nome ao que já nasceu batizado. Há exatos 50 anos o levantamento chama favela de “aglomerados subnormais”, ou algo que o valha.
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A mudança no estudo foi uma demanda dos próprios moradores dessas comunidades urbanas, empurradas para as periferias ou apinhadas em morros, palafitas e quebradas. Essas pessoas, no entanto, têm orgulho do lugar onde moram, se identificam com ele. Quem tem vergonha da favela é a burguesia, que, em última análise, é a responsável por ela existir.
Eu, Júlio Pontes, não posso dizer que “meu nome é favela”. Por mais periférica que seja Taguatinga, cidade-satélite a 24 quilômetros da Esplanada dos Ministérios e a apenas 10 Km do Sol Nascente, a maior favela do Brasil.
De qualoquer forma, este texto não visa evidenciar as desigualdades sociais da capital do Brasil. Isso é dever de toda a sociedade, e principalmente dos políticos, a quem me dirijo aqui. O que pretendo é alertá-los do problema de comunicação que enfrentam ao tentarem se comunicar de maneira rebuscada.
O rebuscamento pode parecer sofisticado. Mas na verdade é arrogante. E atrapalha. A linguagem deve se adaptar ao público-alvo, ao contexto, e precisa priorizar a compreensão mútua! Como disse Heródoto Barbeiro: “Comunicação não se dá pela boca, mas pela orelha. Não é sobre o que você disse, mas o que o outro entendeu”.
Ou seja, encher os discursos e posts de palavras complicadas dificulta a compreensão do eleitor. Nas redes sociais, ainda mais. Cada segundo da atenção do internauta é precioso, e uma colocação mal feita é o suficiente para que ele passe para o próximo conteúdo, que está a um clique de distância.